De repente você se vê diante de tantas agonias, de situações
e pessoas que você simplesmente não tolera mais, que as possibilidades de se
extrair algo que se consagre de algumas relações foram esgotadas e que tudo se
esvai, penso que é hora de pular de fase, já dizia a numerologia, que
consultei nos últimos meses por conta dessas inquietações cada vez mais pertinentes,
que estou no meu ano um, referente ao
recomeço, a renovação, apesar de que para mim esse estado de espírito parece
sempre estar presente, mas é que dessa vez ganhou outra força, ou
melhor, está fazendo muito mais sentido. O passado pairou muito sobre meus pensamentos,
no qual sempre fugi um pouco dele, como todo mundo provavelmente foge, mas eles
foram ganhando força dentro de mim, como se me quisesse dizer que precisava
revisitar tudo de novo, perceber onde estavam morando os meus vícios e minhas
atitudes repetidas e onde deitei confortavelmente meus anseios e desejos para
compensar as decepções e aflições da vida. E lá vem aquela sensaçãozinha que
não quer calar, meus traumas? Vocês ainda estão aí não é? Por que haveriam de
ter ido embora, eles fazem parte de você, e na boa, quem não os tem. Entre uma
indagação e outra fui me dando conta o quanto estive na zona de conforto
durante muito tempo, era só eu ganhar uma migalha de sentimento aqui, outro dali, uma atenção exacerbada desse lado, um
afeto do outro, ai junta tudo dá um refúgio gostoso, tá tudo certo, você vai
enganando sua alma e está tudo bem, enche ela de ilusões e fica numa boa como se tivesse deitado numa rede em uma tarde agradável de sábado, afinal, o que querem de você está sendo cumprindo não
é mesmo? Mas o que você quer pra você, também? Talvez não, aí você se pergunta
mais uma vez, ah tem essa parte neh? Na verdade, só tem essa parte, sem
egoísmo, as coisas não vão funcionar ao seu redor enquanto você não saber de
você. Em mais uma dessas buscas descobri um histórico de solidão, decepção e rejeição, que foi a pior delas. Percebi que essas sensações, principalmente a rejeição,
eram tão presentes, que muitas vezes eram elas que determinavam muitas atitudes,
o fato de querer a aceitação dos outros permeou o inconsciente por muito tempo, pode ser que permaneça, mas que se tenha o mínimo de clareza disso. Foi
um alívio perceber o quanto estava viciada em ‘’aceitação’’ e na vaidade que
esse ciclo provoca, esse era o motor, e a sensação de bem estar
era pautada no sentimento de afirmação dos outros. Claro que é uma perspectiva
bem radical, nem tudo era assim, mais foi crescendo e por isso se tornou
agoniante. Para muitos, essa descoberta chega a ser ridícula, bastava umas
sessões de terapia que a raiz da questão vinha a tona, mas, prefiro outros
processos, demora mais e funciona de
outra forma é como se a alma fosse adoecendo, sim, porque a alma também adoece igual ao corpo, e a cura só depende de cada um. Ela parecia
ir se cansando de tudo isso, de ser esmagada, devorada por coisas fugazes e daí, primeiro vem aquele incômodo, a dor amadurece, dá sinais do que pode ser , e
você observa tudo, os pensamentos ajudam a colocar tudo no lugar até que o diagnóstico
vem e é hora de tratar. Sem consultar
ninguém sigo confiando nos sinais até porque acredito que dessa forma trabalho
a intuição e liberto as lembranças sejam elas boas ou ruins. E foi
dessa forma que o resultado chegou: A rejeição. Sim, e sinto que estou em tratamento, deixando de fazer aquilo que
era de costume, nocivo, largando os vícios, as atitudes corrosivas, tentando lidar com os julgamentos que corrompem, com o negação que vai vir mas, procurando
atrair e consumir o que se apresenta em intensa vibração e percebo que há
tempos minha alma clamava por isso, ou seja, estou dando a ela alimentos mais saudáveis,
praticando as boas leituras, dando e oferecendo ainda mais abraços e sorrisos
sinceros, respirando mais ar puro, contemplando o sol, a lua e o silêncio, escutando
bons sons, sentindo bons cheiros e degustando bons sabores.. Não que não fizesse isso, mas esse outro lado estava intoxicando o lado bom, por isso, é preciso acalmá-la,
fazê-la entender que daqui pra frente não vai ter mais judiação, desonestidade,
e sim respeito pela essência, pelos limites, e por suas próprias conexões, ou seja, vou permitir que tudo aquilo que
pertence verdadeiramente em mim, exista.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
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